"Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas."
G.A.G. na leitura
Blog dedicado a incentivar os jovens a praticar a leitura.
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
MOTIVO (Cecília Meireles)
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
VIA LÁCTEA - SONETO XIII (OLAVO BILAC)
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
Olavo Bilac
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
Olavo Bilac
NÃO HÁ VAGAS (Ferreira Gullar)
Não há vagas
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão.
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
– porque o poema, senhores,
está fechado: “não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira.
Cantiga - Cecília Meireles
Ai! A manhã primorosa
do pensamento...
Minha vida é uma pobre rosa
ao vento.
Passam arroios de cores
sobre a paisagem.
Mas tu eras a flor das flores,
imagem!
Vinde ver asas e ramos,
na luz sonora!
Ninguém sabe para onde vamos
agora.
Os jardins têm vida e morte,
noite e dia...
Quem conhecesse a sua sorte,
morria.
E é nisso que se resume
o sofrimento:
cai a flor, - e deixa o perfume
no vento!
do pensamento...
Minha vida é uma pobre rosa
ao vento.
Passam arroios de cores
sobre a paisagem.
Mas tu eras a flor das flores,
imagem!
Vinde ver asas e ramos,
na luz sonora!
Ninguém sabe para onde vamos
agora.
Os jardins têm vida e morte,
noite e dia...
Quem conhecesse a sua sorte,
morria.
E é nisso que se resume
o sofrimento:
cai a flor, - e deixa o perfume
no vento!
quinta-feira, 16 de maio de 2013
A Arca de Noé - Vinícius de Moraes
Sete
em cores, de repente
O
arco-íris se desata
Na
água límpida e contente
Do
ribeirinho da mata.
O
sol, ao véu transparente
Da
chuva de ouro e de prata
Resplandece
resplendente
No
céu, no chão, na cascata.
E abre-se a porta da Arca
De
par em par: surgem francas
A
alegria e as barbas brancas
Do
prudente patriarca
Noé, o inventor da uva
E
que, por justo e temente
Jeová,
clementemente
Salvou
da praga da chuva.
Tão verde se alteia a serra
Pelas
planuras vizinhas
Que
diz Noé: "Boa terra
Para
plantar minhas vinhas!"
E sai levando a família
A
ver; enquanto, em bonança
Colorida
maravilha
Brilha
o arco da aliança.
Ora vai, na porta aberta
De
repente, vacilante
Surge
lenta, longa e incerta
Uma
tromba de elefante.
E logo após, no buraco
De
uma janela, aparece
Uma
cara de macaco
Que
espia e desaparece.
Enquanto, entre as altas vigas
Das
janelinhas do sótão
Duas
girafas amigas
De
fora a cabeça botam.
Grita uma arara, e se escuta
De
dentro um miado e um zurro
Late
um cachorro em disputa
Com
um gato, escouceia um burro.
A Arca desconjuntada
Parece
que vai ruir
Aos
pulos da bicharada
Toda
querendo sair.
Vai!
Não vai! Quem vai primeiro?
As
aves, por mais espertas
Saem
voando ligeiro
Pelas
janelas abertas.
Enquanto, em grande atropelo
Junto
à porta de saída
Lutam
os bichos de pelo
Pela
terra prometida.
"Os bosques são todos meus!"
Ruge
soberbo o leão
"Também
sou filho de Deus!"
Um
protesta; e o tigre — "Não!"
Afinal, e não sem custo
Em
longa fila, aos casais
Uns
com raiva, outros com susto
Vão
saindo os animais.
Os maiores vêm à frente
Trazendo
a cabeça erguida
E
os fracos, humildemente
Vêm
atrás, como na vida.
Conduzidos por Noé
Ei-los
em terra benquista
Que
passam, passam até
Onde
a vista não avista
Na serra o arco-íris se esvai . . .
E .
. . desde que houve essa história
Quando
o véu da noite cai
Na
terra, e os astros em glória
Enchem o céu de seus caprichos
É
doce ouvir na calada
A
fala mansa dos bichos
Na
terra repovoada.
Uma canção, de Mário Quintana
Minha terra não
tem palmeiras...
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.
Minha terra tem relógios,
Cada qual com a sua hora
Nos mais diversos instantes...
Mas onde o instante de agora?
Mas onde a palavra "onde"?
Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus da minha terra
Eu canto a Canção do Exílio
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.
Minha terra tem relógios,
Cada qual com a sua hora
Nos mais diversos instantes...
Mas onde o instante de agora?
Mas onde a palavra "onde"?
Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus da minha terra
Eu canto a Canção do Exílio
Assinar:
Postagens (Atom)